RIO + 446 - viva o presente, se o futuro estiver planejado

ASSUNTOS DO ARTIGO: Qual a importância da Rio +20 para que nos próximos 446 anos a cidade continue a ser  maravilhosa? O que é o Vision 2050? O relatório da fome no mundo e a perda de território fértil lavouras no Japão por causa do terremoto.


O CEBDS -  Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável*- lançou no dia 1º de março de 2011 a versão em português do Vision 2050, um estudo de 29 empresas globais associadas ao World Business Council for Sustainable Development (WBCSD),consultores, especialistas e colaboradores de múltiplos setores.

No dia que o Rio de Janeiro completava 446 era apresentado, num auditório superlotado, acho que não esperavam tantas pessoas - fiquei sentada no chão, eu e mais uns 15 -, o Visão 2050. Tudo muito legal e sustentável, exceto a minha acomodação e a visão que tive logo ao entrar no Aterro do Flamengo: o Pão de Açúcar já tem sua língua negra! ela escorre e mancha uma das rochas mais conhecidas do mundo e um dos cartões postais da cidade.

Desilusões a parte, vamos à ilusão, aquela que nos traz a esperança em algo desejável: um futuro melhor que o presente, ou ao menos mais harmônico e respeitoso com relação a natureza que queremos entregar aos nossos bisnetos.


O Visão 2050 é um exercício mental futurista um tanto quanto abstrato, mas inspirador. O estudo dá uma ideia de como viveremos no futuro. Se trilharmos o “caminho das pedras” sugerido pelo Vision, todos os 9 bilhões de seres humanos que, segundo a ONU, habitarão o planeta, VIVERÃO BEM e dentro dos limites da Terra. Ao contrário, se continuarmos a viver no padrões atuais “consumiremos” 2,3 planetas, como não temos planetas no estoque, a vida como ela é hoje não existirá, extinguiremos nossa espécie homo sapiens, o planeta reflorescerá.

Essa “máquina do tempo” chamada Vision 2050 transporta para um futuro em que milhões de pessoas terão ascendido à pirâmide socioeconômica, demandando tanto quanto nós demandamos dos recursos naturais hoje. 


Mas, como pensar a longo prazo se temos a urgência da fome? No mundo, mais de um bilhão de pessoas, cerca de um sexto da população humana, sofre com a subnutrição, de acordo com o relatório anual da FAO, agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para alimentação e agricultura, divulgado em outubro de 2010. Brecht, dramaturgo e autor alemão tem uma frase celebre que fala: PRIMEIRO COMER, A MORAL, DEPOIS (BERTOLD  BRECHT).


De fato, as questões sociais são emergenciais e neste mundo complexo as palavras chaves do momento são: adaptabilidade e prevenção, para evitar as mudanças climáticas perigosas e para suprir com alimentos de qualidade o extraordinário contingente populacional que está por vir.


Este é o desafio: trazer o futuro para o presente. As vantagens do futuro têm que estar no presente, nas florestas da Alemanha as árvores são cortadas, mas na medida em que se consegue repor. Se o indivíduo corta uma árvore, ele terá de plantar outra no lugar. Há multa e fiscalização severa contra os infratores. É a chamada taxa de exploração sustentável conhecida pelos engenheiros florestais em todo o mundo.

No romance “Caminhos de Pedra”, da escritora brasileira Rachel de Queiroz ela relata a sociedade em tempos de crise, tal como hoje, reservadas as características da época 1937 (ditadura e sociedade fechada para vozes femininas). O tom trágico e sombrio da obra dá uma relevância maior às questões sociais. Tal como hoje, os eventos extremos da natureza e a fome impõe à sociedade um novo viver. É dessa mudança ideológica de que trata o Vision 2050 e a partir dela virá a transformação da vida social, cultural e econômica planetária. A protagonista, Naomí, encontrou maneiras alternativas de realização se afastando dos moldes impostos à época. O mesmo faremos nós. O Vision 2050 oferece um caminho, de pedras, para que essa sociedade em crise possa sobreviver.


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