1ª visitatécnica COPPE - UFRJ - MACIÇO DA PEDRA BRANCA



“Os morros têm um recorte particular no horizonte do Rio de Janeiro.  Entre o mar e as montanhas, permeando charcos e lagoas, sua importância para a vida e a constituição da cidade transcende sua mera conformação geográfica”. (Márcia Frota Sigaud)

Estado do Rio de Janeiro - 43.696.054 km²
População: 16.010.4292 (IBGE/2009) - 92 Municípios
Cidade do Rio de Janeiro – Capital RJ -> 1.182 km²
População: 6.186.710 - 1025 favelas (10 com UPP*)
População das favelas: mais de 1,8 milhão.  




BIOMA MATA ATLÂNTICA – 13% do Brasil – 1.1 milhão de km² 70% da população 120 milhões de brasileiros dependem da água e clima ameno deste bioma para viver.
PARQUE ESTADUAL DA PEDRA BRANCA 12.500 hectares (10% do município RJ) – maior reserva florestal urbana do mundo. Abriga o ponto culminante do município do Rio de Janeiro – Pico da pedra Branca 1024 m de altitude.

Em 1502, no dia 1º de janeiro, navegadores portugueses avistaram a Baía de Guanabara e acreditando que essa era a foz de um rio, deram-lhe o nome de Rio de Janeiro.

Em meados do século XVI o Rei Francisco I, da França, desafiou o Tratado de Tordesilhas (documento, datado de 1494, através do qual Portugal e Espanha asseguravam o Novo Mundo à península hibérica – leia mais Guerra Santa da Baía de Guanabara: http://bit.ly/cqsWCP).

O monarca criou a política mare liberum e instalou bases comerciais no litoral brasileiro, dando origem à França Antártida. Nesta época a França enviou uma esquadra ao Brasil, comandada por Nicolas Durand de Villegagnon ,cavaleiro da Ordem de Malta, organização militar e religiosa fundada no tempo das Cruzadas.

Em 1567, os franceses foram definitivamente expulsos por Mem de Sá. Em 1565, o município foi fundado por Estácio de Sá, com o nome de São Sebastião do Rio de Janeiro, em homenagem ao então Rei de Portugal, D. Sebastião. 
O Rio de Janeiro tornou-se a capital do Brasil em 1763, título que manteve até 1960, quando foi inaugurada Brasília, a atual capital do país.
A família real portuguesa transferiu-se devido às guerras napoleônicas, para o Rio de Janeiro em 1808, onde em 1815 o Príncipe Regente D. João VI foi coroado Rei do Reino Unido do Brasil, Portugal e Algarves.
A economia da cidade foi impulsionada a partir do século XVII pelos ciclos da cana de açúcar, do ouro e do café. Hoje, o Estado do Rio de Janeiro é o segundo pólo industrial do Brasil, está entre os primeiros do turismo, além de ser um centro cultural do país e importante centro político. 
Povos europeus, principalmente portugueses, misturando-se com escravos africanos e índios brasileiros, deram origem a um povo que compõem sua população de mais de 6 milhões de cariocas.
Alguns desafios a serem enfrentados pelo Rio de Janeiro:
·         violência, decorrente de brigas entre facções do tráfico de drogas e da luta da polícia contra tráfico, que domina muitas favelas da cidade como as da Rocinha, Vigário Geral, Parada de Lucas, entre outras 1013 que ainda não foram ocupadas pelas Unidades de Polícia Pacificadoras (UPP´s*);
·         Ocupação de encostas tanto por favelas quanto por grandes propriedades, condomínios e mansões;
·         Construções da Zona Oeste (Barra da Tijuca, Jacarepaguá e Vargem Grande); melhor manejo e formas de controle da área para contenção da proliferação de mosquitos, preservando as áreas alagadas e o escoamento natural dos mananciais do Maciço da Pedra Branca, diminuindo os riscos de enchentes e perdas de vida.

* novo modelo de Segurança Pública e de policiamento que promove a aproximação entre a população e a polícia, aliada ao fortalecimento de políticas sociais nas comunidades, recuperando territórios ocupados há décadas por traficantes e, recentemente, por milicianos. Comunidades do Morro Santa Marta (Botafogo – Zona Sul); Cidade de Deus (Jacarepaguá – Zona Oeste), Jardim Batam (Realengo – Zona Oeste); Babilônia e Chapéu Mangueira (Leme – Zona Sul); Pavão-Pavãozinho e Cantagalo (Copacabana e Ipanema – Zona Sul); Tabajaras e Cabritos (Copacabana – Zona Sul); Providência - 1ª favela do RJ- (Centro); Borel (Tijuca – Zona Norte); Andaraí (Tijuca); e Formiga (Tijuca) tem UPP.
Link para pousada que propem contato com técnicas de sustentabilidade: http://bit.ly/ecotur    

A ocupação inicial do Rio de Janeiro deu-se pelos morros do Castelo, da Conceição,  de Santo Antônio e de São Bento formando um quadrilátero por onde a cidade cresceu por três séculos, a partir da sua fundação em 1565. Era a fortaleza natural da cidade colonial.

A formação do litoral do Rio data do quaternário (ou antropozóico), o último e mais breve período da era cenozóica, ou escala geológica (dividida em terciário e quaternário, é também conhecida como a “era dos mamíferos” e de toda a biodiversidade que evoluiu após o cataclismo (meteroro) que teria extinguido os dinossauros. Iniciou-se há 65 milhões de anos e se estende até hoje).

Esta escala geológica o homem não pode alterar, mas o homem europeu ao se deparar com o porte da floresta adversa a vontade de ocupação tratou de destruir, aterrando as áreas alagadas e derrubando as matas. Muito diferente dos nativos indígenas que valorizavam a natureza como recurso para a sua própria existência.

No início da colonização não existia estratificação social. Este grupo se estabeleceu no quadrilátero que era a parte urbanizada, do porto do comércio. As áreas rurais foram isoladas nos maciços, onde havia água doce para irrigação dos engenhos e despejo de dejetos.

O ciclo hidrológico, vapor do mar, condensado é levado em direção aos maciços encontra a barreira natural e precipita, lavando a floresta e seguindo pelos rios até desaguar na Baía enriquecendo de nutrientes o mar, fonte rica de pescado. A Baía de Guanabara espelhava os processos dos maciços.

A Biodversidade era gerada a partir desse somatório de ciclagens de materiais e se refletia a nível  do habitat, do ecossistema e do mosaico da paisagem.
Até reforma Passos o ciclo não foi alterado. A partir do “bota baixo”, as vias dos rios passaram a encontrar a paisagem transformada, não havia mais escoamento o que hoje se traduz em alagamentos e a solução demanda produção de conhecimento para reduzir os efeitos da ocupação.

Em termos de preservação do clima ameno o urbanismo da época colonial amenizava as temperaturas. Os europeus garantiam a existência de grandes jardins ao redor das casas e o pé direito alto facilitava a circulação de ar.

Hoje as construções fazem modificações microclimáticas. Espigões obrigam o ar a passar por corredores cada vez mais estreitos aumentando a temperatura ambiente, o que era recurso natural antes passa a demandar mais conhecimento, energia e mobilidade para recriar o frescor. Ares condicionados que no interior refrescam, mandam para atmosfera o ar quente aumentando a temperatura no exterior das casas, empresas, etc.

Hoje as vias fluviais urbanas lavam as calçadas e os dejetos (industriais e humanos) são lançados in natura nas baías, lagunas e mar a céu aberto. 

O somatório desses processos gerou seletividade dos ecossistemas e modificou as condições sociais. Estratificação dos ecossistemas e da sociedade.

Pescadores que antes viviam em harmonia com a natureza, por meio de um saber impírico, saíram da pesca, pois os pontos pesqueiros foram reduzidos e foram para mão de obra desqualificada como a construção civil e outras formas informais e menos saudável de ganhar a vida e alimentar a família. 

Fragmentação ecológica, social e econômica.


Pensar em meio ambiente é pensar em empregabilidade, habitabilidade e deslocamento.

Como o emprego passou a existir em outras regiões da cidade o deslocamento social seguiu o fluxo da demanda de empregos e a alternativa foi morar nas favelas (sem falar dos problemas sociais que deram origem às migrações do nordeste para o sudeste). 

O mosaico social e urbano está formado.
Sem infraestrutura as favelas e as ocupações ricas ao longo das encostas que buscam o verde como valoração imobiliária, sobrecarregam o ambiente e o sistema de saúde. Os efeitos são os mais altos custos do poder público em remediar, sem tratar as causas. Num mecanismo insustentável de mostrar-se como realizador de grandes obras, mas que na verdade não resolvem o problema na raiz apenas amenizam as condições atuais.

No Parque Estadual da Pedra Branca, uma das três ilhas de mata atlântica (as outras são Maciço de Gericinó e o da Tijuca) avista-se o mosaico natural que existe na cidade, do mar para o maciço: areia, argila (dos brejos e mangues) e os paredões rochosos dos maciços. 

A ocupação acirra esta estratificação. Apesar do milenar saber que diz “não construa na base do dragão” o homem tem se instalado, aterrando regiões originalmente alagadas, impedindo o escoamento natural do ciclo hidrológico, provocando os alagamentos e os desequilíbrios ecológicos que fazem surgir, por exemplo nuvens de mosquitos, alguns deles transmissores de dengue e de leishmaniose.


Em escala global as áreas alagadas são pontos de alimentação, desova e acasalamento de aves migratórias. A Convenção de Ramsar sobre as Áreas Úmidas, que ocorreu em 1971 na cidade de Ramsar, Irã, simboliza a importância da cooperação internacional na conservação e gestão sustentável das áreas úmidas.

Na região em questão, da Barra da Tijuca inclusive, a população teve a contribuição e a preocupação incipiente do arquiteto responsável na década de 70 em planejar o espaço urbano do bairro(http://www.feth.ggf.br/Barra.htm)

Mas as falta de uma legislação que garantisse o cumprimento dos gabaritos e dos corredores de circulação de ar e preservação dos ecossistemas intencionados por Lúcio Costa permitiram que o plano de urbanização fosse alterado pelos interessados na expansão.

No maciço o impacto remonta ao século XVI. A região do maciço da Pedra Branca foi engenho da família Sá, depois passou aos padres beneditinos que mantinham sues escravos e depois foi transformados em créditos imobiliários pela república. 

Este processo de ocupação gerou resultantes sociais, população majoritariamente negra e ambiental, na floresta ainda é possívelencontrar plantas medicinais e alimentícias de tempos passados.

A Unidade de Conservação data de 1974. Atualmente o poder público federal gasta em média 4 bilhões de reais com o investimento em UCsem envolver a população em projetos de conservação e de geração de renda que crie um vínculo com a floresta.

Foto dinâmica afro religiosa às margens do Rio Caçambê.

Os serviços ambientais prestados pela natureza que beneficiam a vida humana (SA) são diversos e valorados de forma que a sociedade se comprometa em preservá-los em seu próprio benefício.

Resolução do CONAMA 10 define Mata Atlântica.

Rio Camorim comunidade em formação inicial setembro de 2010. População original data de 1625, Igrejinha ponto de união com o passado e de resistência.  

A ocupação se amplia com as oportunidades de emprego que a construção civil do entorno promovem. Estágio inicial da expansão da favela oportunidade do poder público de atuar nas causas e minimizar os efeitos.
Poluição do Camorim nas porções iniciais utilização do recurso  e despejo de resíduos que comprometem a bacia onde convergem as águas.

No pé da montanha aterros e ocupação sem bolsões de respiração e escoamento das águas conseqüência: alagamentos, enchentes e deslizamentos (que são por vezes naturais, contidos pela função mecânica da floresta, que vem se renovando e tem idade aproximada de 70 anos, após sobreviver ao café, carvão e pasto).



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