FGV_ADENDOS SOBRE SUSTENTABILIDADE

Resumão Curso FGVonline - História da Questão Ambiental
A questão ambiental é um valor bem mais antigo do que imaginamos.

“Os custos ambientais das atividades econômicas aparecem quando a capacidade de assimilação do meio é ultrapassada”, afirma Haroldo Mattos Lemos, do Instituto Brasil PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) e orientador do curso à distância sobre Gestão Ambiental da FGVonline. 

Ao longo de nossa História ultrapassamos exorbitantemente os limites da natureza. Apesar de ainda perpetuarmos os erros do passado, hoje, o planeta se esforça para manter e ampliar o desenvolvimento preservando o meio ambiente. Mas esta preocupação não é recente, nem exclusiva da Geração Y.

As ações e discursos do passado em prol da ecologia eram muito mais intuitivos e bem menos contundentes, expressivos e técnicos. O fato é que existiram, e de certa forma contribuíram para a formação do cenário contemporâneo.

No Brasil, por exemplo, o primeiro reflorestamento usando espécies nativas se deu em 1862, por ordem de D.Perdo II. A atual Floresta da Tijuca (RJ), elevada a Reserva da Biosfera em 1991, tem na sua história a devastação provocada pelo cultivo do café, que desmatou a floresta, para que fossem erguidas as lavouras, e fez crescer a população junto às nascentes dos rios.(fonte:Associação dos amigos do Parque da Tijuca)

A falta de vegetação e a ausência de chuvas teve como conseqüência a diminuição dos mananciais, e o custo ambiental desta atividade econômica foi a escassez de água, o que levou D.Pedro II a ordenar o reflorestamento. O replantio durou 10 anos e trouxe de volta a mata, a água e todos os animais.

A Floresta da Tijuca tem hoje 33 km² de extensão e é considerada a maior floresta urbana do mundo. Localizada no coração da cidade, a Floresta de Mata Atlântica proporciona aos cariocas e turistas paisagens deslumbrantes, lazer e muito esporte ao ar livre. O ciclismo e a corrida praticados pelas estradas de acesso ao Parque Nacional da Tijuca são bem populares entre os praticantes mais arrojados que buscam treinos de maior intensidade. (Foto: Mesa do Imperador mar/2010 Eu e os professores Marcelo Simões e Bruno Amin).
Outro exemplo remoto ocorreu em 1908, nos Estados Unidos. O então Presidente Theodore Roosevelt fez o seguinte discurso:

“Enriquecemos pela utilização pródiga de nossos recursos naturais e podemos, com razão, orgulhar-nos de nosso progresso. Chegou, contudo, o momento de refletirmos sobre o que acontecerá quando nossas florestas tiverem desaparecido, quando o carvão, o ferro e o petróleo se esgotarem, e quando o solo estiver mais empobrecido ainda, levado para os rios, poluindo suas águas, desnudando os campos e dificultando a navegação”. (FGVonline).

Esta visão unidimensional do "progresso" como enriquecimento e poder, fez o homem acreditar que poderia manipular o meio natural e em seguida abrir mão dele, que resolveria problemas específicos sem medir os impactos no meio ambiente.

Desde a Revolução Industrial até pouco tempo atrás a sociedade considerava o meio ambiente um BEM LIVRE, todos tinham o direito de usar à vontade. Este conceito só mudou quando o homem começou a perceber os perigos de se pressionar os sistemas biológicos.

Dois fatos exigiram ação governamental , o processo de crescimento econômico do Pós-Guerra, que desencadeou alta produção industrial e consequentemente poluiu o ar e as águas, externalizando os danos na sociedade sob a forma de perda da saúde, prejuízo social e material. O outro fato foi justamente uma reação da sociedade que, mais conciente, exigia informações a cerca das questões ambientais e de como o mercado as tratava.

O primeiro grande desastre ambiental decorrente da discricionariedade da exploração dos recursos naturais aconteceu em Londres na década de 1950. A inversão térmica causada pela queima de carvão provocou 1.600 mortes e mais de 20 mil casos de doenças.

Em 1956, o parlamento inglês sancionou a Lei do Ar Puro, que proibia o uso doméstico do carvão e obrigava os industriais a controlarem a poluição do ar. Essa legislação influenciou as demais e acelerou o surgimento dos movimentos ambientalistas. (FGVonline).

Para comprovar que os custos ambientais recaiam sob a forma de danos à saúde humana e danos materiais, a jornalista americana Rachel Carson escreve “Primavera Silenciosa”, em 1962. Este livro denunciava o desaparecimento dos pássaros nos campos dos Estados Unidos, provocado pela utilização do pesticida DDT na agricultura.

Os efeitos negativos e a visão unidimensional do sistema de produção capitalista, que prioriza a maximização do lucros sem assegurar que os ecossistemas e a biodiversidade sejam preservados ,  estimulou questionamentos sobre as atividades humanas e pressionou os governantes a se posicionarem frente a essas discussões. Foi então que a partir de 1971, com o Painel de Founex, começa a ser construído o conceito de SUSTENTABILIDADE, ainda com a noção de ECODESENVOLVIMENTO.

O Painel Founex identificou desenvolvimento e meio ambiente como “dois lados da mesma moeda”, defendendo que esses conceitos não eram incompatíveis: a conservação do meio ambiente não era barreira para o desenvolvimento, mas parte do processo em construção. (site:EMBRAPA).

O termo desenvolvimento, segundo Lemos, “é complexo demais e irredutível a poucas variáveis econômicas”. Para Amartya Sen (1981) economista indiano o desenvolvimento de um país está essencialmente ligado às oportunidades que ele oferece à população de fazer escolhas e exercer sua cidadania. E isso inclui não apenas a garantia dos direitos sociais básicos, como saúde e educação, como também segurança, liberdade, habitação e cultura.(Wikipedia)

“Desenvolvimento é o processo de ampliação da capacidade de realizar livremente atividades” - Amartya Sem. (Leia mais sobre DESENVOLVIMENTOxCRESCIMENTO ECONÔMICO neste blog)

Em 1996, James Wolfensohn, presidente do Banco Mundial disse: “sem desenvolvimento social concomitante, nunca haverá desenvolvimento econômico satisfatório”.

Lemos, em seu curso à distância da FGVonline, narra os acontecimentos que antecederam a definição do conceito de desenvolvimento sustentável, perpetuado até os dias de hoje. A cronologia destaca que em1981, a União Internacional para a Conservação da Natureza – IUCN – e o Fundo Mundial para a Vida Selvagem – WWF –, com o apoio do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA –, lançaram a Estratégia Mundial para a Conservação – World Conservation Strategy. Que visava harmonizar o desenvolvimento sócio-econômico com a conservação ambiental.

A Estratégia Mundial para a Conservação lançou o conceito de desenvolvimento sustentado, que, entretanto, seguia basicamente as mesmas linhas do ecodesenvolvimento, lançado na Conferência de Founex, em 1971, mas com mais ênfase na preservação da biodiversidade.

Em 1982, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente resolveu comemorar, em Nairobi, Quênia, os dez anos da Conferência de Estocolmo (1972). Em pauta: os problemas ambientais globais, que começavam a indicar que a geração de resíduos e poluição pelas atividades humanas já estava excedendo, em algumas áreas, a capacidade de assimilação da biosfera, de autodepuração e a velocidade de devastação era superior a de regeneração natural.

Em 1983 foi aprovada e encaminhada às Nações Unidas a proposta mais ampla, que criou a Comissão Mundial Independente sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, presidida pela Sra. Gro Harlem Brundtland, ex-Primeira Ministra da Noruega.

A Comissão produziu em 1987, um relatório final: O Relatório Brundtland, em homenagem a Presidente da referida comissão, conhecido pelo título "Nosso futuro Comum” que definou a sustentabilidade global como: “a habilidade das sociedades para satisfazer as necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das futuras gerações de atenderem a suas próprias necessidades”.

Revisando criticamente: atualmente vive-se um ambiente mais democrático, que impõe uma percepção mais humanista das atividades, valoriza-se as pessoas e suas escolhas são determinantes para o futuro.

Nós contribuímos diariamente para o aquecimento global! (Leia LOCAL ACTION neste blog).

Lemos conclui que a colaboração entre poder público e sociedade e a adoção de uma nova política social são elementos indispensáveis do desenvolvimento sustentável. "É preciso reformar o capital social, e ver o homem como ator social, resgatar sua CULTURA, que é onde a sociedade tece seus valores e o trasmite de geração em geração. Os valores positivos favorecem a equidade e a justiça social".

Acesse os cursos gratuitos da FGVonline
http://www5.fgv.br/fgvonline/CursosGratuitos.aspx

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